Por que psicólogo não pode atender amigos e parentes?
Essa é uma dúvida comum e que vários psicólogos relatam já terem sido questionados. Para compreender melhor essa questão, é necessário analisar tanto o lado do psicólogo quanto o do paciente.
Neutralidade, a ferramenta de trabalho do Psicólogo
A começar pelo lado do psicólogo. Para que a terapia alcance bons resultados é importante que o profissional se mantenha o mais próximo possível da neutralidade. Grande parte das teorias psicológicas reconhece que não há como alcançar total neutralidade, pois não tem como anular totalmente a subjetividade do profissional. A neutralidade é importante para que o terapeuta possa escutar seu paciente sem ter preconceitos e assim agir segundo sua teoria e não de acordo com suas emoções. Quando o psicólogo se propõe a atender alguém de sua família ou algum amigo, a neutralidade não é mais possível, pois de alguma maneira seu afeto, suas experiências de vida predominam em relação ao seu saber teórico.
Como o psicólogo atua
O exemplo abaixo é fictício, mas muito comum de acontecer:
Em um serviço de saúde mental, chega uma moça aprontando a maior confusão na recepção. Ela grita, ameaça, xinga porque decidiu procurar tratamento psicológico devido a sua angustia e tristeza, mas não aceita que seja agendado para a próxima semana, pois quer ser atendida naquele momento. O psicólogo avalia a queixa do paciente e percebe que não é um caso de emergência que deva ser atendido naquele dia. Esse episódio, provavelmente, despertou o sentimento de pena de muitos que assistiram a tudo, no entanto, o profissional, mantém a decisão do agendamento do atendimento. Isso porque sabe que não atendê-la naquele dia é o melhor para a paciente, pois essa atitude seria já uma intervenção terapêutica. Não ceder as exigências dessa paciente fará essa moça pensar que nem sempre conseguirá o que deseja fazendo escândalo ou ameaçando. Com o gesto desse profissional, ele pode fazer essa paciente começar a pensar em muitas outras coisas que talvez esteja relacionada com as questões que lhe faz sofrer. Se o mesmo acontecesse com um parente ou amigo do psicólogo, provavelmente ele não tomaria tal atitude com tanta firmeza, pois estaria em risco o relacionamento fraternal com essa pessoa.
Do ponto de vista do paciente, podemos dizer que alguém que tivesse um amigo ou um familiar como seu psicólogo, não teria tanta liberdade de falar, pois teria receio de ser julgado ou criticado. Além disso, talvez o paciente veja o profissional mais como o amigo ou seu parente e, portanto, sem se dar conta pode não dar tanta credibilidade ao que lhe é dito.
Fonte: http://www.tudosobrepsicologia.com.br/psicologia/porque-os-psicologos-nao-podem-atender-amigos-e-familiares
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