Polícia cria programa capaz de identificar alunos com violência em potencial
Visando a prevenção de situações perigosas nas unidades de ensino, a polícia de Los Angeles desenvolveu um programa que tenta identificar e tratar estudantes com caraterísticas de violência, isto é, alunos com potencial de cometer agressões contra professores e alunos. O projeto tem obtido sucesso na prevenção de episódios de violência nas escolas do condado americano. O programa foi criado após o massacre da Universidade Virginia Tech, no Estado da Virgínia, no qual o estudante Seung-Hui Cho matou 32 pessoas e logo em seguida se suicidou.
O programa é realizado por um grupo formado por especialistas e funcionários treinados, o School Threat Assessment Response Team (Equipe de Avaliação de Ameaças em Escolas, em tradução livre, ou START, na sigla em inglês), que, como o nome já diz, avalia riscos de ameaça de violência em escolas e ajuda em casos de emergências.
Atualmente, a equipe recebe entre 40 e 60 casos por dia. Para atender alguma situação, os contatos são feitos por diretores e funcionários de escolas, policiais e os próprios pais de estudantes cujo comportamento desperta preocupação. Em algumas situações, o jovem em questão faz ameaças contra outros ou fala em suicídio.
Assim que chegam ao local ordenado, o START verifica se há um risco real, então identificam se o estudante passa por problemas emocionais que possam culminar em atos de violência, ou se o aluno está simplesmente enfrentando problemas como bullying, e tentando chamar a atenção.
Mas essa avaliação inclui visitas às escolas e aos lares e conversas com as famílias, a fim de conhecer o histórico do jovem e a dinâmica familiar. Além disso, caso haja a permissão dos pais, também é feito inspeção em computadores e mochilas, em busca de armas ou algum indício de ameaça maior.
Dependendo da gravidade, o aluno pode passar por observação de profissionais de saúde mental, e caso tenha cometido algum crime, pode até ser detido. Mas mesmo em situações que não envolve riscos, o estudante recebe aconselhamento e tem acesso a acompanhamento psicológico e de serviços sociais.
O programa compartilha informações entre policiais, equipes de saúde e escolas. Além disso, as instituições de ensino recebem treinamento anual do START para identificar ameaças e avaliar riscos. Quando o grupo identifica problemas na unidade, os estudantes passam a ser monitorados em longo prazo, às vezes durante anos. De acordo com Boyd, alguns alunos continuam sendo monitorados mesmo depois de terminarem o ensino médio e a faculdade e entrarem no mercado de trabalho.
Maria Martinez, assistente social especializada em psiquiatria e uma das especialistas do programa, afirmou que "nos últimos cinco anos (desde que o programa foi ampliado para todo o condado) não tivemos nenhum caso de violência extrema na nossa área de atuação. Vários estudantes que apresentavam risco acabaram se formando e ingressando na universidade, sem nenhum incidente. Consideramos isso um sucesso".
Desde que o programa foi criado, vem sendo ampliado para atender a todo o condado de Los Angeles, o mais populoso do país, com quase 10 milhões de habitantes e mais de 1 milhão de estudantes. Segundo os responsáveis pelo projeto, ele poderia ser facilmente replicado em outros lugares, até mesmo no Brasil, mas para isso, teria de haver a colaboração entre os setores policial, de educação e de saúde mental.
Fonte: http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-12--334-20140827