Conselho Regional de Medicina de SP orienta que médicos não receitem ‘pílula anticâncer’
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) fez um alerta para que os médicos não receitem a fosfoetanolamina sintética a pacientes com câncer. O medicamento, chamado de “pílula anticâncer”, está em fase de testes na Universidade de São Paulo (USP) e tem levado pacientes a correrem para a Justiça em busca de autorização para usá-lo. Contudo, ele ainda não tem reconhecimento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e sua eficácia não foi testada.
O apelo do Cremesp foi feito durante uma audiência pública na Ordem dos Advogados do Brasil – Seção São Paulo (OAB-SP) na última quinta-feira. Os médicos que receitarem o medicamento podem até ser punidos. Ao EXTRA, o presidente do Cremesp, Bráulio Luna Filho, reforçou a posição da instituição:
— O Cremesp é contra a prescrição de qualquer droga que não seja autorizada pela Anvisa e não tenha reconhecimento internacional. Esse tipo de substância só pode ser usado em comissão de pesquisa e, fora disso, é ilegal, antiético e incorreto. Os médicos não podem receitar uma droga que não está autorizada e não tem respaldo cientifico internacional — enfatizou o médico.
Bráulio Luna Filho também criticou o fato dos tribunais de justiça darem autorização para que a USP forneça o medicamento aos pacientes. O médico explica, ainda, que nenhum doente deveria deixar de fazer seu tratamento já reconhecido para optar pela fosfoetanolamina.
— O juiz libera a droga para o paciente com a fundamentação de um médico que não necessariamente tem formação científica. O meu apelo é que o paciente não acredite numa droga que não tem respaldo cientifico. Os estudos são muito precários e de um grupo só. Em função do apelo popular, o governo decidiu patrocinar um ensaio clínico, mas é apenas um teste — afirma.
Durante a audiência, a procuradora Maria Paula Dallari Bucci, da USP, disse que a universidade foi alvo de mais de 13 mil ações judiciais de pacientes de todo o país que desejam usar o medicamento, até mesmo em animais de estimação. Segundo ela, essas ações estão consumindo recursos da universidade que poderiam ser destinados para pesquisa. “A USP não vê com nenhum conforto que um laboratório seu seja usado para produzir medicamentos em larga escala”, afirmou.
Fonte: Extra