80 aparelhos de radioterapia comprados pelo governo há 3 anos não foram entregues
Na manhã desta quarta-feira, o jornal Bom Dia Brasil apresentou uma reportagem revoltante. Há mais de três anos, o governo federal comprou 80 aparelhos de radioterapia, no entanto, nenhum hospital recebeu nada até agora. Os motivos são falta de planejamento e excesso de burocracia. As máquinas foram pagas, mas os hospitais não têm estrutura para recebê-las.
Em maio de 2012 foi assinada um portaria prevendo a melhoria no atendimento dos que precisam de radioterapia. Os aparelhos foram comprados em 2012, e custaram quase R$ 120 milhões. Em janeiro de 2014, quase dois anos depois, é que a licitação foi concluída. Nenhum dos aparelhos chegou ao Brasil. Todos são de um modelo de uma fabricante americana. Seriam para hospitais de 62 cidades e 41 não têm nenhum desses.
O Ministério da Saúde explicou, por meio de nota, que a instalação dos aparelhos precisa de espaços específicos para garantir a segurança dos pacientes e profissionais porque funcionam com energia nuclear e quer uma licitação local para contratação da empresa responsável pela construção. Disse ainda que os aparelhos serão entregues a partir do momento que as obras estiverem quase prontas.
Só quatro dos 80 hospitais começaram as obras para receber os equipamentos. Isso mais de 3 anos depois do anúncio para melhorar a oferta de radioterapia no país. A obra do Hospital da Fundação Assistencial da Paraíba em Campina Grande é a única em fase adiantada. Setenta pessoas por dia aguardam na fila.
“A nossa previsão, o nosso cronograma, é de que ela entre em funcionamento a partir de março de 2016”, estuna Elder Macedo, presidente da FAP.
As outras obras em andamento são na Santa Casa de Misericórdia de Maceió, em Alagoas, no Hospital da Fundação Hospitalar Estadual do Acre, em Rio Branco, e no Hospital Dom Pedro de Alcântara, em Feira de Santana, na Bahia, onde a diretora, Sandra Peggy, admite que os seis meses previstos podem não ser suficientes. “Claro que obra é obra e podem acontecer percalços no caminho e precisar aditivar contrato e período”, justifica.
Resumindo, 95% dos hospitais ainda nem começaram a arrumação para ter os equipamentos, ou seja, não têm nem data pra instalação. Quem analisa a gestão pública diz que o problema não é falta de dinheiro, tanto que o valor da compra é de quase R$ 120 milhões. A lei para as compras é complicada, mas o principal problema é a gestão.
“A nossa administração pública tende a fazer os processos de forma independente e não coordenados, depois que o equipamento é comprado, aí é que vão trabalhar as salas, os profissionais, enquanto isso deveria ser uma sequência racional em que, simultaneamente, os processos ocorrem, até mesmo porque as compras são feitas já sabendo a destinação desses equipamentos”, afirma a professora de Gestão Pública do Ibmec Alessandra Serrazes.
Enquanto isso, pacientes, que precisam de radioterapia continuam lutando contra o câncer. Em Aracaju, Sergipe, a estudante Iva Taciane, espera há quatro meses pelas sessões de radioterapia. “Eu tenho 22 anos, eu quero lutar pela minha vida, estou correndo risco de perder minha perna e vou lutar até o fim, eu não vou desistir”, afirma.
A empresa americana que produz os aparelhos disse que está pronta para instalar os equipamentos assim que os locais estiverem preparados O Ministério da Saúde disse que até o momento já foram apresentados 19 projetos executivos.
Fonte: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2015/10/hospitais-ainda-nao-tem-aparelhos-de-radioterapia-comprados-ha-tres-anos.html
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